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Reações de Rearranjo


As reações de rearranjo são uma classe fascinante de reações químicas na química orgânica em que a estrutura de uma molécula é rearranjada para formar um novo isômero. Ao contrário das reações de substituição ou eliminação, os rearranjos envolvem a transferência de átomos ou grupos funcionais dentro da molécula, criando uma nova conectividade entre os átomos. Essas reações podem resultar em mudanças significativas nas propriedades físicas e químicas dos compostos.

Compreendendo o básico

Na sua essência, as reações de rearranjo envolvem a reorganização do esqueleto de carbono ou grupos funcionais dentro de uma molécula. Isso pode ocorrer por meio do movimento de átomos de hidrogênio, grupos alquila ou outros substituintes. A força motriz para essas reações é frequentemente a estabilização de um intermediário carbocátion, um deslocamento na densidade eletrônica ou a formação de uma molécula mais estável.

Tipos comuns de reações de rearranjo

Há muitas reações de rearranjo bem conhecidas na química orgânica. Alguns dos principais tipos incluem o rearranjo de Wagner-Meerwein, rearranjo de Beckmann, rearranjo de Pinacol, rearranjo de Hofmann e rearranjo de Curtius. Cada tipo tem seu próprio mecanismo específico e aplicações.

1. Rearranjo de Wagner–Meerwein

Esta reação envolve a transferência de um grupo alquila para estabilizar o carbocátion. Isso é comumente visto em reações de álcoois sob condições ácidas, onde rearranjos podem levar à formação de carbocátions mais estáveis. Por exemplo, a conversão de um carbocátion secundário menos estável em um carbocátion terciário mais estável.

    R-CH2-C^+H-CH2R' → R-CH-CH2-C^+HR'
    

2. Rearranjo de Beckmann

O rearranjo de Beckmann envolve o rearranjo de oximas em amidas sob condições ácidas. Um exemplo disso é a conversão de oxima de cicloexanona em caprolactama, um processo industrial importante na produção de náilon.

    C6H11N-OH → C6H11NH
    

3. Rearranjo de Pinacol

No rearranjo de pinacol, um diol vicinal é convertido em uma cetona sob condições ácidas. Esse rearranjo geralmente ocorre por meio de um intermediário carbocátion. O rearranjo de pinacol para pinacolona é um exemplo.

    (CH3)2C(OH)-C(OH)(CH3)2 → (CH3)3CC=O
    

4. Rearranjo de Hofmann

O rearranjo de Hofmann envolve a conversão de amidas primárias em aminas primárias com a perda de um átomo de carbono. Este rearranjo prossegue por meio da formação de um intermediário isocianato. É uma reação útil para decompor grandes moléculas removendo um átomo de carbono.

    R-CONH2 + Br2 + NaOH → R-NH2 + CO2 + NaBr + H2O
    

5. Rearranjo de Curtius

No rearranjo de Curtius, o azida acil é decomposto em isocianato ao aquecer, que pode então ser convertido em amina, ureia ou carbamato. Esta reação é usada para a síntese de vários compostos que contêm nitrogênio.

    RCON3 → RN=C=O → RNH2
    

Detalhes mecânicos

Os mecanismos das reações de rearranjo podem variar bastante, mas frequentemente envolvem intermediários carbocátion. A estabilidade desses intermediários é importante na determinação de se o rearranjo ocorrerá. A estabilização pode ser alcançada através de hiperconjugação, ressonância ou pela formação de estruturas cíclicas mais estáveis.

Considere um mecanismo geral de rearranjo que prossiga via um intermediário carbocátion:

    R-CH2-C^+-CH3 → R-CH-CH2-C^+
    

Nesta ilustração, o átomo de carbono com carga positiva (o carbocátion) permite o rearranjo ao facilitar a migração de grupos alquila ou arila de átomos vizinhos. O carbocátion rearranjado resultante pode participar ainda em reações que levam à formação de produtos.

Estudo de caso típico

Rearranjo de Wagner–Meerwein: estabilidade do carbocátion terciário

Vamos focar no rearranjo de Wagner-Meerwein para ilustrar a estabilidade dos carbocátions terciários. Esse rearranjo é uma ocorrência comum durante a desidratação de álcoois. Quando um álcool sofre protonação e perde uma molécula de água, um carbocátion é formado. Se um carbocátion mais estável puder ser produzido através do rearranjo, a estrutura molecular mudará de acordo.

        (CH3)3C-OH → (CH3)3C^+ + H2O
    

Rearranjo de Beckmann: síntese de lactamas

O rearranjo de Beckmann é particularmente útil na síntese de lactamas, que são amidas cíclicas. Sob condições ácidas, a oxima de cicloexanona sofre um rearranjo para formar caprolactama:

        C6H11N-OH → C6H11NH → caprolactama
    

Essa reação é industrialmente importante na produção de nylon-6, formando um intermediário chave que, ao ser polimerizado, forma uma fibra sintética versátil.

Rearranjo de Pinacol: de diol a cetona

Considere o rearranjo de pinacol como uma transformação de um diol vicinal para a cetona correspondente. Sob condições ácidas, um dos grupos hidroxila é protonado e perdido como água, formando um carbocátion. Em seguida, o rearranjo molecular forma a cetona:

        (CH3)2C(OH)-C(OH)(CH3)2 → (CH3)3C-CO
    

Conclusão

As reações de rearranjo desempenham um papel importante na síntese orgânica, proporcionando rotas para reorganizar moléculas em isômeros mais estáveis ou configurados de maneira diferente. Como visto através de exemplos específicos como os rearranjos de Wagner-Meerwein, Beckmann e Pinacol, essas reações permitem que os químicos criem uma variedade de isômeros estruturais e alterem a funcionalidade dentro das moléculas. Cada tipo de rearranjo possui características e condições únicas sob as quais ocorre, ilustrando a diversidade de reações orgânicas possíveis através desses mecanismos interessantes.


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