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Teoria do Campo Cristalino


Introdução

A teoria do campo cristalino (CFT) é um modelo que descreve a estrutura eletrônica de complexos de metais de transição. Esta teoria foi desenvolvida para entender o comportamento, cor, magnetismo e até mesmo estabilidade de complexos metálicos. Na CFT, considera-se o efeito do campo criado pelos ligantes ao redor nas orbitais d do metal de transição para prever as propriedades do complexo.

Fundamentos da teoria do campo cristalino

A base da CFT reside em visualizar o ligante como uma carga pontual (especialmente aplicável em complexos iônicos, como [Ti(H 2 O) 6 ] 3+), aplicando um campo elétrico às orbitais d do íon metálico. Quando os ligantes se aproximam do átomo metálico central, eles interagem com seus elétrons d, causando um deslocamento nos níveis de energia. Isso resulta na divisão das orbitais d em diferentes níveis de energia.

Divisão das orbitais d

Em um átomo metálico isolado, os níveis de energia das cinco orbitais d são os mesmos (degenerados). No entanto, devido à presença de ligantes, essas orbitais se dividem em diferentes níveis de energia. O padrão e a extensão dessa divisão dependem da natureza do ligante e da geometria do arranjo dos ligantes.

Complexo octaédrico

Considere o caso geral de um complexo octaédrico onde seis ligantes estão dispostos simetricamente ao redor de um íon metálico central.

No campo cristalino octaédrico, as orbitais d dividem-se em dois grupos:

  • t 2g: Contém as orbitais d xy, d yz e d zx.
  • e g: Envolve as orbitais dx2 - y2 e dz2.

Essa interação resulta em uma diferença de energia característica, geralmente denotada pela letra grega Δ, frequentemente referida como energia de divisão do campo cristalino. Em complexos octaédricos, Δ oct é a diferença de energia entre duas orbitais.

2 orbitais (e g) 3 orbitais (t 2g) Δ oct

A figura acima mostra a divisão das orbitais d em um campo octaédrico, onde as orbitais t 2g têm energia inferior às orbitais e g.

Complexo tetraédrico

Ao contrário dos complexos octaédricos, os complexos tetraédricos envolvem quatro ligantes dispostos ao redor do íon metálico para formar um tetraedro.

Para a coordenação tetraédrica, as orbitais d dividem-se da seguinte forma:

  • e: Composta das orbitais d x 2 -y 2 e d z 2.
  • t 2: Consiste nas orbitais d xy, d yz e d zx.

Aqui, o intervalo de energia entre essas orbitais, Δtet, é menor do que o geralmente observado em complexos octaédricos, devido ao arranjo menos simétrico dos ligantes.

3 orbitais (t 2) 2 orbitais (e) Δ tet

A diferença entre as fissão octaédrica e tetraédrica é clara: a ordem das energias das orbitais é invertida, e a fissão tetraédrica é menor.

Fatores que afetam a divisão do campo cristalino

A magnitude da energia de divisão do campo cristalino (Δ) é afetada por vários fatores:

Natureza do íon metálico

O estado de oxidação e o número quântico principal do íon metálico afetam diretamente Δ. Estados de oxidação mais elevados geralmente aumentam Δ, devido ao aumento das interações eletrostáticas entre o íon metálico e o ligante.

Natureza do ligante

Diferentes ligantes produzem diferentes campos cristalinos, conforme resumido pela "série espectroquímica", que ordena os ligantes com base em sua capacidade de dividir as orbitais d:

I - < Br - < S 2- < Cl - < F - < OH - < H 2 O < NH 3 < en < C 2 O 4 2- < CN - < CO
        
Ligantes à direita, como CO ou CN -, produzem maior divisão do que ligantes à esquerda, como I - ou Br -.

Geometria do complexo

Como discutido, as geometrias octaédrica e tetraédrica resultam em diferentes padrões e magnitudes de divisão. Complexos quadrados planos exibem valores de Δ maiores do que complexos octaédricos devido ao aumento da assimetria.

Aplicações e implicações da teoria do campo cristalino

Compreender a divisão do campo cristalino ajuda a explicar muitas propriedades de complexos de metais de transição.

Cor

As transições de elétrons entre orbitais d divididas levam à absorção de comprimentos de onda específicos de luz. A cor vista é a cor complementar da luz absorvida. Por exemplo, um complexo que absorve luz vermelha aparecerá verde.

Magnetismo

O arranjo dos elétrons nas orbitais d divididas determina o comportamento magnético dos complexos. Orbitais t 2g preenchidas e orbitais e g vazias resultam em complexos diamagnéticos, enquanto elétrons desemparelhados induzem paramagnetismo.

Estabilidade

A estabilidade dos complexos metálicos pode ser prevista com base na divisão. Valores de Δ maiores geralmente indicam maior estabilidade devido à maior energia necessária para mover elétrons entre orbitais.

Conclusão

A teoria do campo cristalino fornece uma compreensão importante do comportamento dos complexos de metais de transição. Esta teoria fornece uma visão sobre os efeitos do arranjo dos ligantes e permite a previsão de propriedades como cor, magnetismo e estabilidade. Suas aplicações se estendem a áreas como catálise, ciência dos materiais e química bioinorgânica, destacando sua importância e relevância contínua na química moderna.


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