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Reações de eliminação
Reações de eliminação são uma classe fundamental de reações orgânicas em que dois substituintes são removidos de uma molécula, resultando na formação de um novo produto. Essas reações são importantes não apenas na síntese de alcenos e alcinos, mas também desempenham um papel vital em vias bioquímicas e processos químicos industriais. Reações de eliminação ocorrem principalmente através de dois mecanismos principais: E1 e E2, que serão explorados em profundidade nas seções seguintes.
Noções básicas de reações de eliminação
Nas reações de eliminação, uma molécula perde dois grupos ou substituintes, geralmente em átomos de carbono adjacentes. Este processo resulta na formação de uma ligação dupla ou tripla.
Materiais iniciais → intermediários → produtos
Geralmente, reações de eliminação podem ser resumidas da seguinte maneira:
C – C – X – Y → C = C + X – Y
Onde X
e Y
são os dois grupos que partem, e uma ligação dupla é formada entre os átomos de carbono dos quais esses grupos estão partindo.
Mecanismo E2 (eliminação bimolecular)
O mecanismo E2 é um processo de etapa única que envolve a quebra simultânea de ligações e a formação de ligações duplas. A taxa da reação depende tanto do substrato (a molécula em eliminação) quanto da base (que abstrai o próton).
- Características: Reação de segunda ordem, bimolecular, mecanismo coordenado.
- Lei da taxa: taxa = k[substrato][base]
Mecanismo da reação E2
Reações E2 ocorrem quando uma base forte abstrai um próton do átomo de carbono β e o move para o grupo que parte. Essa ação faz com que o grupo de saída dissocie, e uma ligação π é formada entre os átomos de carbono α e β. O requisito geral é o arranjo antiperiplanar de hidrogênio e o grupo de saída.
HH , H--C---C--Br + base → H--C=C--H + H-Br + base , rr'
A reação acima mostra um mecanismo simples de E2 onde uma base forte absorve hidrogênio β, perdendo assim o grupo residual (Br) e formando uma ligação dupla.
Diagrama de perfil de energia para E2
Mecanismo E1 (eliminação monomolecular)
O mecanismo E1 é um processo de duas etapas, onde a taxa de reação depende apenas da concentração do substrato. No mecanismo E1, o grupo de saída parte primeiro, formando um intermediário carbocátion, seguido pela desprotonação para formar uma ligação dupla.
- Características: Reação de primeira ordem, unimolecular, mecanismo em etapas, intermediários envolvidos.
- Lei da taxa: taxa = k[substrato]
Mecanismo da reação E1
O mecanismo E1 envolve duas etapas principais:
- Formação de um intermediário carbocátion pela saída do grupo abandonado.
- Desprotonação pela base para formar a ligação dupla.
R2C-CH3-X → R2C=CH2 + X-
Por exemplo, na eliminação de um halalcano, o íon haleto é removido, formando um carbocátion. Uma base pode então remover o próton do carbocátion, resultando em um alceno.
Etapa 1: R-CH2-CH2-X → R-CH2-CH2+ + X- (Formação de carbocátion) Etapa 2: R-CH2-CH2+ + base → R-CH=CH2 + base-H (eliminação)
Diagrama de perfil de energia para E1
Fatores que afetam reações de eliminação
Há muitos fatores que afetam a taxa e o resultado das reações de eliminação, incluindo:
- Natureza do substrato: A estrutura do composto orgânico submetido à eliminação (por exemplo, primário, secundário ou terciário) afeta tanto a taxa quanto o mecanismo da reação.
- Tipo de base: Bases fortes promovem o mecanismo E2, enquanto bases fracas podem promover o mecanismo E1, especialmente para substratos terciários.
- Capacidade do grupo de saída: Bons grupos de saída (como haletos) facilitam tanto os mecanismos E1 quanto E2 porque podem ser facilmente dissociados do substrato.
- Estereoquímica: O arranjo espacial dos átomos em uma molécula pode afetar o requisito antiperiplanar para E2 e a estabilidade do carbocátion em reações E1.
- Efeito do solvente: Solventes próticos polares estabilizam carbocátions e, portanto, promovem reações E1. Solventes apróticos podem favorecer o mecanismo E2.
Comparação entre reações E1 e E2
Especificidade | E1 | E2 |
---|---|---|
Número de etapas | Duas | Uma |
Leis das taxas | Taxa = k[substrato] | Taxa = k[substrato][base] |
Formação de intermediário? | Sim, carbocátion | Não |
Preferência de substrato | Terciário > Secundário > Primário | Terciário > Secundário > Primário |
Força da base | Uma base fraca é suficiente | Base forte necessária |
Exemplos de reações de eliminação
Compreender o mecanismo de eliminação torna-se concreto quando explicado com exemplos:
Desidro-halogenação de haloalcanos
O exemplo clássico de uma reação de eliminação é a desidro-halogenação de haloalcanos:
CH3-CH2-Br + NaOH → CH2=CH2 + NaBr + H2O
Esta reação usa hidróxido de sódio (uma base forte) para remover um haleto de hidrogênio (Br) de um alcano (brometo de etila), formando etileno (um alceno).
Desidratação de álcool
Outra reação de eliminação comum é a desidratação de álcoois:
CH3-CH2-OH → CH2=CH2 + H2O
Aqui, o etanol é desidratado na presença de ácido para formar etileno.
Mecanismo completo para eliminação E2 induzida por hidróxido
R-CH2-CH2-X + NaOH → R-CH=CH2 + NaX + H2O
Por exemplo, o 2-bromo-2-metilpropano sofre eliminação E2 com hidróxido de sódio para produzir isobutileno:
(CH3)3C-Br + NaOH → (CH3)2C=CH2 + NaBr + H2O
Considerações para substratos substituídos
Reações de eliminação podem ser muito afetadas pelo padrão de substituição do substrato. Por exemplo, a regra de Saytzeff prevê que alcenos mais substituídos são formados preferencialmente devido à maior estabilidade do alceno.
R1CH-CH2-X + base → R1C=CH2 + baseHX
A base menos impedida atacará o hidrogênio β mais acessível estereoquimicamente, dando o alceno mais substituído (orto).
Aplicações industriais de reações de eliminação
Reações de eliminação são integrais para as indústrias farmacêutica e de polímeros.
- A produção de etileno, usada como precursor do polietileno, contribui amplamente para a indústria de plásticos.
- Síntese de isobutileno, que é usado como precursor na produção de isooctano, um composto que aumenta o nível de octanagem da gasolina.
Conclusão
Reações de eliminação desempenham um papel vital em uma ampla gama da química orgânica, convertendo estruturas simples em muitas moléculas complexas com diversas funcionalidades. Compreender os detalhes mecanísticos das reações E1 e E2 ajuda a projetar rotas de síntese eficientes, otimizar processos químicos industriais e expandir insights no entendimento das vias bioquímicas.