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GraduaçãoQuímica inorgânicaQuímica de Coordenação


Ligantes e compostos de coordenação


A química de coordenação é um ramo fascinante da química que se concentra no estudo de compostos de coordenação, que são formados pela combinação de átomos ou íons metálicos com ligantes. Estes compostos são importantes em muitos processos biológicos, aplicações industriais, e são centrais para a nossa compreensão da química inorgânica e orgânica.

Compreendendo os compostos de coordenação

Compostos de coordenação, também chamados de compostos complexos, são formados quando íons metálicos se ligam a moléculas ou íons (conhecidos como ligantes) para formar um composto complexo com um átomo ou íon metálico central em seu núcleo. Este processo leva à formação de grandes moléculas, muitas vezes com estruturas fascinantes. Para compreendê-los melhor, comecemos com algumas definições básicas.

Centro de coordenação

O centro de coordenação é o íon ou átomo metálico central em um composto complexo. Metais frequentemente encontrados em compostos complexos incluem metais de transição como Fe, Cu, Co, Ni e Pt. Estes metais podem ligar-se a muitos ligantes devido à sua configuração eletrônica e capacidade de formar ligações de coordenação.

Ligantes

Ligantes são íons ou moléculas que doam um ou mais pares de elétrons ao átomo ou íon metálico, formando uma ligação de coordenação. Eles podem ser moléculas neutras como NH3 e H2O ou íons como Cl- ou OH-. A capacidade de um ligante se ligar ao centro metálico é chamada de denticidade.

  • Ligantes monodentados: Esses ligantes se ligam por meio de um único sítio doador. Um exemplo clássico é o Cl-, que se liga usando um único par de elétrons.
  • Ligantes bidentados: Esses ligantes têm dois sítios doadores. Um exemplo é a etilenodiamina, representada como en, que se liga com seus dois átomos de nitrogênio.
  • Ligantes polidentados: Esses ligantes, também conhecidos como agentes quelantes, têm múltiplos sítios doadores e podem envolver o íon metálico para formar complexos mais estáveis.
Exemplo de composto de coordenação simples:
[Cu(NH3)4]SO4 - Tetraaminocobre(II) sulfato
Cu é o metal central.
NH3 é o ligante monodentado.

Número de coordenação e geometria

O número de coordenação é o número de átomos de ligantes que estão diretamente ligados ao átomo central. O número de coordenação afeta a geometria do complexo, e algumas geometrias comuns incluem:

  • Número de coordenação 4: Isso frequentemente resulta em geometria tetraédrica ou quadrada planar. Tetraédrica é comum para complexos que envolvem metais com ligantes grandes.
  • Número de coordenação 6: Isso geralmente resulta em geometria octaédrica, que é prevalente devido à sua perfeita simetria e permite fácil arranjo dos ligantes em torno do íon metálico central.
tetraédrico quadrado planar octaédrico

Nomenclatura em compostos de coordenação

A nomeação de compostos de coordenação segue regras específicas estabelecidas pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC). O protocolo envolve nomear o ligante primeiro, seguido de nomear o metal central e seu estado de oxidação. Aqui está uma explicação simples:

  • Nomeação do íon positivo ocorre antes do íon negativo, semelhante a como compostos iônicos são nomeados.
  • O nome do ligante é colocado antes do nome do metal. Anions terminam em -o e ânions neutros mantêm seus nomes comuns (por exemplo, cloro, amina).
  • Se o complexo é um ânion, o sufixo "ato" é adicionado ao nome do metal central. Por exemplo, ferroato para ferro.
Por exemplo:
[Fe(CN)6]3- é nomeado hexacianoferrato(III).
[Cu(NH3)4(H2O)2]2+ é nomeado tetraamidodiaquacobre(II).

Isomeria em compostos de coordenação

Assim como na química orgânica, compostos de coordenação também exibem isomeria, onde compostos com a mesma fórmula química têm arranjos diferentes de átomos.

  • Isomeria geométrica: Ocorre devido aos diferentes arranjos geométricos possíveis dos ligantes em torno do átomo central. Por exemplo, em complexos quadrados planares, pode existir isomeria cis-trans, onde ligantes semelhantes estão em direções adjacentes ou opostas.
  • Isomeria ótica: Isso envolve complexos que não são sobreponíveis às suas imagens espelhadas, assim como as mãos esquerda e direita. Esses são conhecidos como enantiômeros.
  • Isomeria de ligação: Alguns ligantes podem se ligar através de múltiplos átomos, resultando em isômeros de ligação. Um exemplo conhecido é o íon nitrito NO2-, que pode se ligar através de átomos de nitrogênio ou oxigênio.
Exemplo de isomeria geométrica:
[Pt(NH3)2Cl2]
Na forma cis, o grupo NH3 e o grupo Cl são adjacentes.
A forma trans tem os grupos NH3 opostos um ao outro.

Papel dos ligantes em sistemas biológicos

Ligantes são essenciais em sistemas biológicos, nos quais a coordenação metal-ligante desempenha um papel chave em processos como transporte de oxigênio, transferência de elétrons e função enzimática. Um exemplo principal disso é a hemoglobina, uma proteína complexa que contém um centro metálico de ferro coordenado com átomos de nitrogênio.

Clorofila, o pigmento verde essencial para a fotossíntese, é outro composto de coordenação onde o íon magnésio é central para sua estrutura. Íons metálicos coordenados com ligantes orgânicos tornam esses processos sustentadores da vida.

Aplicações de compostos de coordenação

Os compostos de coordenação não estão limitados apenas a sistemas biológicos. Suas aplicações se estendem por várias indústrias:

  • Catalisadores: Compostos de coordenação são usados como catalisadores em muitas reações químicas industriais. Por exemplo, o composto [RhCl(PPh3)3] é usado em reações envolvendo hidrogenação.
  • Medicina: Compostos de coordenação têm aplicações medicinais. Um composto bem conhecido é o cisplatina [PtCl2(NH3)2], que é usado no tratamento de câncer.
  • Química analítica: Compostos de coordenação são usados em análises, como ensaios de colorimetria, devido à sua capacidade de mudar de cor dependendo do ambiente de coordenação.

Conclusão

Em conclusão, a química de coordenação, com seus conceitos centrais de ligantes e compostos de coordenação, desempenha um papel integral na expansão das fronteiras da química. À medida que exploramos mais profundamente, encontramos esses compostos complexos tanto nos processos sustentadores da vida da natureza quanto nas aplicações industriais. Compreender sua estrutura, formação e função abre novas fronteiras na ciência e tecnologia.


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